segunda-feira, janeiro 31, 2005

Angústia!?

O amor será sempre algo extremamente subjectivo e complicado de falar ou conseguir. Tudo o que implica duas pessoas, duas formas de pensar, implica haver diálogo e um trocar de experiências, emoções, pensamentos. Nem sempre é fácil essa troca, esse viver a vida a dois.
O que me angustia no amor é a mente, o próprio pensar. Sempre pensei demasiado, confesso, devo sofrer do mesmo que o Fernando Pessoa, a dor de pensar. Pensar às vezes incapacita-nos de fazer ou tomar posições em relação a algo.
O pensar acaba por inatamente se tornar a primeira linha da traição numa relação. Angustia-me pensar na fragilidade do amor e no facto de as relações hoje em dia serem profundamente efémeras. Parece que é uma colecção para ver quem colecciona mais parceiros/as hoje em dia. Angustia-me o facto de a qualquer minuto se puder pôr um fim a algo e começar tudo de novo como se nada fosse. Angustia-me a ideia de que antes de mim existiu outro e que inevitavelmente depois de mim haverá outro e assim consecutivamente. A ideia de não conseguir superar o que outrora existiu com outro é profundamente deprimente. A ideia de que não conseguirei mostrar o mundo e os seus particularismos pela primeira vez e captar ali a emoção de ver as reacções in loco faz-me sentir mal. Faz-me sentir mal o facto de que poderei estar a mostrar algo que já foi visto, sentido, e como tal não tem o mesmo significado que teve e com quem teve a primeira vez, porque há sempre uma primeira vez para tudo. E como tal não há reacção como a primeira.
Todos nós pensamos ou pensámos nisto um pouco em determinadas alturas na vida. Há até quem nunca pense durante o vasto rol de relações que se tem hoje em dia. Há porém quem pense nisto, pense até demasiado acabando por se tornar um tormento pensar nisto a toda hora. Daí o natural rejeitar ou tentar rejeitar o amor, as relações. Para quê atormentar a cabeça com mais um assunto. De tantas coisas não se pode fugir da vida, porém, do amor pode-se fugir sempre. Depende apenas de uma profunda consciencialização dos seus males e dos efeitos em nós. Rejeita-se, pois claro. É difícil mas ao fim de um tempo aguenta-se. Vamo-nos aguentando desaire após desaire que chega a um ponto em que já nada ou pouco faz moça. E se fizer é apenas mais uma. Já estamos habituados.
Mas o amor é bom, sim é. É bom viver com o coração na boca. Mas não é bom pensar ou saber que a outra parte não viverá a vida e as emoções com a mesma amplitude com que nós as viveremos. Sendo assim o amor ao fim de um tempo torna-se praticamente impossível então. Nunca haverá ninguém que consiga viver as realidades tal e qual como nós. Pois não. Houve um passado, houve factos, pessoas, realidades. E nós não estivemos lá nem a outra parte esteve connosco. Que nó na garganta.
O amor devia ser como no 'Love Story' ( apesar de trágico ) ou como no 'High Fidelity' ( apesar de conflituoso) ou como no 'Serendipity'.
Como são bons os amores platónicos.

E viveram felizes para sempre.
The End.

sábado, janeiro 29, 2005

A Ruiva...



The Beekeeper:

1- Parasol
2- Sweet the Sting
3- The Power of Orange Knickers
4- Jamaica Inn
5- Barons of Suburbia
6- Sleeps with Butterflies
7- General Joy
8- Mother Revolution
9- Ribbons Undone
10- Cars and Guitars
11- Witness
12- Original Sinsuality
13- Ireland
14- The Beekeeper
15- Martha's Foolish Ginger
16- Hoochie Woman
17- Goodbye Pisces
18- Marys of the Sea
19- Toast

(..)
Can somebody tell me now who is this terrorist
Those girls that smile kindly then rip your life to pieces?
Can somebody tell me now am I alone with this
This little pill in my hand and with this secret kiss
Am I alone in this...

Fiquei esmigalhado. Espera-se o novo video [Sleeps with Butterflies] que está a ser filmado e a nova tour. Portugal? Cross your fingers.

: ]

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Três em Um.

Porque raio tenho eu vontade de apagar o meu blog e o meu live journal? Começo a ficar bocado enjoado destas coisas. Se apagar isto em breve, já sabem. :P

Está confirmada a vinda a Portugal dessa granda banda que são os Logh. Senão sabes quem são, não há problema. Vai saber, vá.
Logh em Portugal:
05.04.07 Meu Mercedes, Porto
05.04.08 Santiago Alquimista , Lisboa.

Senhora Dona Maria, será possível uma pessoa como eu ficar apaixonado por uma personagem de Têbê?
Estou apaixonado pela Ruiva da série 'Sete Palmos de Terra' da RTP2.
Compreendi aos vinte e um anos de idade que o meu mais recente fetiche são as ruivas.
Meus fetiches capilares:
* Raparigas Ruivas;
* Raparigas com Cabelo Pintado de Encarnado;
* Raparigas com Cortes de Cabelo à personagem de Anime;

Depois ainda há os outros. Raparigas com óculos à intelectual, etc, etc, etc. Eu não sou normal. Definitivamente não o sou :MAS QUE MERDA DE POST
( totalmente patrocinado por morreste-me.blogspot.com )

As aventuras de Zeca Galhão e de Zeca Gado - I

Hoje era um dia extremamente importante para Zeca Galhão. O seu irmão regressaria a Portugal após uma longa ausência emigrado na Suíça.
Zeca Galhão acordou cedo, ainda de madrugada. Meteu as cabras e as vacas a pastar tal como fazia todos os dias. Tratou dos porcos, dos seus pássaros e levou a sua mulher ao mercado no seu belo tractor, ultimo modelo, deixando o Quim Zé, o seu filho, na escola primária.
Era assim a maior parte dos dias da vida de Zeca Galhão e de Mikelina, sua companheira. Vivendo uma existência simples, mas muito humana, acima de tudo. Vivam em harmonia e em paz consigo mesmos e com outros. São coisas que só se podem alcançar em terras como a Pampilhosa da Serra, local onde habitavam.
Zeca Galhão tinha uma ascendência também ela muito humana.
Filho de Jacinto e Maria da Fonte, tinham-lhe sido incutidos a ele e aos seus dois irmãos, Zeca Gado e Maria Amélia, valores simples mas muito humanos. Desde cedo se habituaram a cuidar das actividades do campo e nas lides domésticas ajudando os pais. Os estudos ficaram irremediavelmente para trás, claro. Zeca Galhão, sendo o mais velho, foi o que primeiro deixou os estudos. Tinha ficado apenas com a quarta classe. Também não tinha muito interesse em estudar. Gostava mais de andar atrás das Vacas da aldeia dando-lhes com a sua ‘picha de boi’. Sempre foi muito traquinas, Zeca Galhão.
Seu irmão, Zeca Gado fora um pouco mais longe tendo terminado o sexto ano. Mikelina era o orgulho da família. Tinha tirado o nono ano, com muito custo, mas tinha.
Zeca Gado tinha sido desde sempre o mais irreverente dos três irmãos. Cedo se apercebeu que Pampilhosa da Serra era pequena de mais para si. Passava os dias a ajudar os pais e as tardes/noites na Taberna do Tio Manél. Cedo desenvolvera uma empatia por Ricardinha, um transexual que actuava num bar de alterne perto de Castelo Branco. Todos lhe diziam que Ricardinha era bicha, porém, Zeca Gado não queria saber disso. Ele via apenas o amor e a atenção que Ricardinha lhe dava. Sentia-se bem ao lado dela, bebendo os dois um vinho qualquer carrascão e trocando conhecimentos. Ricardinha já tinha viajado pelo mundo. Conhecia todas as casas de alterne da Europa e mais alguma . Tinha gostado mais de Bragança, porém, fixara-se em C.Branco, onde tinha desenvolvido esta espécie de empatia com Zeca Gado.
Os pais de Gado não aprovavam muito esta amizade, mas ele já era crescidinho para fazer o que quisesse.
Um dia Gado chegou a casa e disse que iria emigrar. Iria com Ricardinha para a Suíça em busca de uma vida melhor e de uma maior felicidade. A família compreendeu os desejos de Gado e Ricardinha. A Pampilhosa da Serra era pequena de mais para aqueles dois. Após uma despedida efusiva das companheiras de Ricardinha e dos amigos de Gado eles lá foram. Permaneceram dez anos sem dar noticias, tendo comunicado que voltariam a Portugal há uma semana. Era hoje, era hoje o dia do regresso do irmão de Galhão.
A casa da família estava preparada e todos prontos a receber o irmão emigrado.
A vida de Gado não foi muito feliz na Suíça. Os primeiros tempos foram muito difíceis, não arranjando emprego ou os que arranjava davam-lhe muito pouco dinheiro. Sofreu um duro golpe quando Ricardinha faleceu. Fixados numa pequena aldeia na Suíça, dizia-se que Ricardinha era o Diabo e representava o mal da pequena comunidade. Numa noite quando Gado não estava em casa, Ricardinha decidira esticar a perna nas estradas limítrofes da aldeia. Tentando angariar mais algum para continuar os seus tratamentos hormonais. A pequena comunidade juntara-se e batera na Ricardinha com pás e enxadas, tendo após Ricardinha caído no chão a empurrado pela serra abaixo. Ricardinha falecera naquele dia.
Foi um duro golpe para Gado, mas ele decidira ter coragem e fazer alguma coisa na vida. Decidira que iria ser alguém naquela Suíça que ele escolhera como segunda pátria.
Passado um ano arranjara emprego numa fábrica de chocolate na Suíça. O emprego era bem pago e ele sentia-se de novo com força e animo para recuperar e construir algo na vida. Acabou por conhecer Evgnéniaziscky. Uma bela Ucraniana de vinte e cinco anos de idade que por ali também se fixara em busca de melhor vida. Evgnéniaziscky, era uma bela jovem, porém, tinha um passado algo obscuro de que não gostava de se relembrar nem falar muito. Evgnéniaziscky, tinha sido sodomizada pelo pai e posteriormente sido vendida à mafia russa. Tinha conseguido escapar das malhas obscuras da mafia e viajado por essa Europa. Encontrou um porto seguro nas mãos trabalhadas pela vida de Gado e na Suíça.
Juntos há nove anos, Gado, decidira vir agora sim a Portugal. Trazendo consigo a sua paixão. Nunca casaram porque não havia necessidade disso, mas ele queria apresentar a sua companheira aos pais e à família.
Como bom Português, gostava de mostrar à família que estava bem e de que na Suíça é que se viva bem, apesar de não ganhar muito, Gado decidira que teria que causar boa imagem na família. Por isso decidira como bom Português que era regressar à terra natal com um bom carro. Alugara por uns dias um Audi A5. Esta loucura implicaria dois meses de refeições à base de sopa e sandes na Suíça, porém, ele queria causar boa impressão e de que se viva bastante bem.
Juntos fizeram-se à estrada rumo a Portugal.
Zeca Galhão estava no campo quando olhou para o relógio. Eram 14h da tarde. Estava próxima a hora do retorno do grande irmão. Rapidamente montou a sua Zundap acelerando pelas ruas tortuosas da Pampilhosa da Serra para chegar rapidamente a casa. Passou pelo supermercado de Gertrudes e comprou um Espumante para celebrar o retorno do irmão, indo de seguida para casa aguardar o regresso de Zeca Gado.
A faltar quinze minutos para as quinze horas da tarde o irmão Gado regressara finalmente após dez anos de ausência a casa.
A felicidade estava estampada nos olhos da família. A mãe Maria da Fonte e a filha Maria Amélia estavam em pulgas. Pareciam que estavam a ter espasmos vaginais com a alegria de ver o seu familiar de novo a casa. O pai e o irmão eram mais comedidos na emoção. Ao ver Evgnéniaziscky, pensaram que era Ricardinha e mais uma das suas modificações, porém, Gado rapidamente apresentou-a à família e fez questão de contar a suas aventuras e desventuras na Suíça, não contando, claro está, que de facto não ganhara tanto dinheiro como parecia ter ganho.

- Então Gado, meu irmão. Conta-me coisas. Como é e tem sido a tua vida na Suíça?

- Sabes Galhão. A vida na Suíça é boa mas tem que se trabalhar de facto muito. É como um bebé na incubadora que parece que quer nascer e andar, porém toda a gente lhe dá palmadinhas e porrada para ele falecer. É muito complicada a vida lá, mas ganha-se muito dinheiro. Há muita gente a querer dar-te facadinhas nas costas. É como as fundações de uma casa, sabes como é. Género três porquinhos e o lobo mau. O lobo são os habitantes locais que querem dar cabo das fundações da tua casa e levar-te a mau porto.

- Hum. Acredito meu irmão mas conta mais, conta mais.

E ali permaneceram durante um longo tempo.
Gado foi revelando as suas aventuras um pouco deturpadas à sua família.

domingo, janeiro 23, 2005

Explora a Puta Que Há Dentro de Ti. Vê Lá é Se Levas Barato.

O que raio se passa com a espécie feminina desta era moderna?
Do conservadorismo da era pré-industrial passamos para um abuso descomunal e descontrolo das realidades sociais.
As mulheres estão cada vez mais a caminhar para o lado errado ou serei eu que estou mal? Será só elas ou é de facto algo mais generalizado na sociedade? Estará de facto, a sociedade a caminhar para a degradação total?
Existiu, há e continuará a existir indubitavelmente a fama de que os homens são de facto aqueles que são mais carnais e de que as mulheres são os elos mais sentimentais. Ora, esta realidade não é nada mais do que totalmente errada. Da minha experiência posso comprovar de que é totalmente o contrário. Os homens são de facto bem mais sentimentais que as mulheres.
Os homens se fazem uma merda numa relação ficam logo marcados ou não há qualquer tipo de desculpa para o erro cometido. É considerado algo imperdoável. Porém, se o erro for das mulheres lá vêm elas dar o seu ar de peluche, cachorro de lágrima no olho para ver se as aceitamos de volta. Tentam fazer com que a gente fique com remorsos para que a gente literalmente se foda por dentro, quando na realidade não nos deveríamos sentir dessa forma.
As mulheres são o tipo de espécie que não têm qualquer tipo de problema de nos foder pelas costas e estar extremamente bem com isso. Nós somos aqueles que qualquer merda ficamos cheios de remorsos e nos fodemos por tudo e por nada.
Quando um homem perde uma mulher perde imediatamente uma parte da sua vida. Quando uma mulher perde um homem não há problema. Há mais N na esquina à espera e dispostos a estar com ela e ela disposta a estar com eles. Porque elas conseguem estar por estar, nós não, nós para estar temos que de facto gostar. Damo-nos a elas totalmente. Para quê? Para nada. Na melhor das hipóteses e cenários elas dão-nos a facada nas costas e depois quando estão na merda aí sim vêm ter connosco. Pensando que conseguem ter e manipular aquilo que querem. E depois ainda me vêm dizer que são todas sentimento? Óh meus amigos. Não me venham com lengalengas. Óh sentimento.
As mulheres são naturalmente hipócritas. É algo inato à sua condição. No fundo no fundo são todas iguais, a embalagem é que muda. Umas mais bonitas que outras, umas mais fáceis que outras, porém, na sua essência são todas iguais.
Não compreendo as mulheres actuais nem as gerações mais novas.
Sinceramente, encontrar uma mulher decente hoje em dia é algo raro ou é impressão minha? As raparigas hoje em dia só querem embriagar-se, apanhar umas valentes mocas ou levar umas valentes quecas, dando-se claramente a relações fortuitas. Não sejamos moralistas, isso será tudo porventura muito bom, mas não haverá um excesso na contemporaneidade? O que vejo hoje é um monte de raparigas com pouco ou nenhum conteúdo. Não há nada. Só querem levar no narço e ‘xEr buEda mALukAs’. Será que elas não compreendem que os homens não gostam de miúdas que sejam ‘muita malucas’ ou algo do género? Ou se gostam é algo que o tempo os irá levar a fazer com que não gostem? Promiscuidade é decadente e ninguém gosta de andar com uma pessoa que já teve trinta parceiros ou já girou pelo bar todo. Compreendo que hajam fases de ser muito maluco/a etc e tal. Mas isso tem um prazo e a vida não é vinte e quatro horas na maluquice.
Muitas vezes as pessoas escondem nessa pseudo maluquice muitos problemas que as afectam no dia-a-dia. Vamos então esconder os problemas fingindo sermos todos um grupo de gente muita maluca, bora? – é estúpido. Porquê evitar ou ser aquilo que não somos realmente? Essas pessoas dão-se conta dessa realidade quando a suposta maluquice passa e estabilizam. Aí sim, dão-se conta do seu estado ‘natural’ e compreendem que a vida não pode ser sempre à maluquice.
Os homens gostam de miúdas, mulheres, atinadas. Gostam de mulheres que saibam discutir um livro, filme, cd, os problemas da realidade, etc. Gostam também de dar umas quecas bem dadas, sim, gostam, e der ser malucos, sim, às vezes. Porém ser assim todo o tempo é triste.
Já não se fazem raparigas decentes. Na cidade então, encontrar alguém decente é raro. Tem que se ir para a aldeia e mesmo assim, duvido.
Claro que elas poderão dizer o mesmo que nós, claro que sim. E não sejamos extremistas e generalistas, porém, é isto que se vê a maior parte das vezes que se anda por aí.
Esvaziá-los por esvaziá-los, mais vale esvaziar no Wc. Ao menos não se gasta dinheiro em preservativos nem se anda a ter relações tristes.
Ao menos que tudo, saiba mamá-lo com convicção e motivação. Ao menos isso. Poucas conversas interessantes mas boas mamadas.
( Estou tão revoltado hoje, ui, ui)

Indiferença

'Morro um pouco todos os dias. É banal, eu sei, acontece-nos a todos. O problema é que o sinto, lentamente, como se o ar nos pulmões fosse menos. Talvez nunca entendas completamente. Tantas vezes to tentei explicar. Ou talvez seja melhor não entenderes. É verdade, estou a morrer, devagar, por nenhum motivo em particular. Cansei-me da vida e de todas as inúmeras pequenas coisas que me desgastam e arrancam a alegria de viver. Quantas foram as noites em que pensei acabar com tudo? Tantas. Falta-me a coragem. A distância entre o pensamento e o acto é um mundo onde cabem todas coisas. Penso, preparo e vivo com o pensamento como se isso bastasse para fazer passar a dor. Há-de existir nessa ideia uma lógica qualquer. Pensar que faço algo torna-se quase tão bom como fazê-lo. Quem nunca pensou nisso? Não deve existir ninguém que nunca tenha contemplado tal ideia, ponderado como o faria, quando, e como seria depois – porque tem de existir sempre um depois, não é assim? A simples ideia de um final não chega. É preciso imaginar as reacções, os actos, as conversas, como se o fim fosse ainda um último insulto.
O meu coração não tem funcionado. É um problema que nunca se vai resolver mas que também não mata de uma só vez. Todos os dias amo menos, sinto menos, sofro menos. Até ao ponto da indiferença que é, talvez, o pior dos sofrimentos. Essa capacidade enorme de não sentir absolutamente nada. Caminho pelos dias, pela vida, por todas as caras que encontro sem sentir rigorosamente nada. Pergunto-me se isto nunca terá um fim. É claro que terá. Mas será mais tarde que mais cedo. Melhor ainda seria uma espécie qualquer cura. Isso, um milagre. Acordar um dia sem me sentir indiferente. Agarrar-me a algo e sentir. Não somos, todos nós, ensinados à obrigação de sentir? Vivemos e sofremos em prol do que queremos sentir. Construímos vidas inteiras à volta dessa ideia. E quando deixamos de sentir? Mas ninguém morre de insensibilidade, pois não? Ainda cá ando. De casa para o trabalho e vice-versa. Ao sabor dos horários, das normas, das etiquetas e modas e de tudo que é correcto. Até não conseguir perceber sequer onde estou. Tornou-se um pesadelo contínuo. Sem suores frios ou quentes. Sem gritos. Sem despertar. É apenas a minha vida.
E terei o direito de estar assim na tua vida? Creio que não. Dou por mim a querer amar-te sem conseguir. Levo-te este corpo seco para cada todos os dias sem te conseguir dizer que morri por dentro e não encontro saída. Tu estás lá, para os meus olhos sem expressão, para os meus dedos insensíveis, para as palavras sempre iguais todos os dias. Alimentas-me. Perguntas-me se estou melhor. Se algum dia voltarei a estar bem. Nesses momentos quero mesmo chorar e não consigo. Se ao menos chorasse talvez acontecesse algo de bom. Quem sabe, o milagre.
Farto de viver nesta ausência de mim, o céu e os dias passam. A vida escorre-me por entre os dedos. Devagar. Sem sentido. Sem sentir. Aonde é que eu acabei? Onde ficaram os meus restos, o meu sentir, aquele que sabia ser eu? Morro. Aos poucos, sem qualquer razão. Arrasto-me por mais um dia. Só mais um dia. Sem saber para aonde. Quando as últimas luzes se apagam e todos os amantes se abraçam na noite, continuo em silêncio, à procura de uma razão. E não consigo parar. Preciso de fixar um ponto qualquer onde encontre um pouco de mim. Não peço muito. Alguns sentimentos, qualquer coisa que me faça sentir homem, nem que seja por um pouco, uns instantes. Apenas algumas palavras que me deixem amar-te como já amei. Abraçar-te com o sentido que já existiu. Acreditar que pertenço a algum lugar ou alguém. E sentir-me feliz por isso.'

sexta-feira, janeiro 21, 2005

!?

- Estou estoirado. O trabalho anda a matar-me.
- Aproveita então e dorme amor. Não fiques acordado até tarde.
- Ando cansado e com insónias. Hoje apetece-me.
- Queres fazer?
- Sim. Abre as pernas.

- Foi bom, gostaste?
- Sim, gostei.
- Ok. Vou fumar um cigarro e dormir. Amanhã é outro dia. Dorme bem.

Post Sem Título.

Este é até agora o álbum de 2005, se bem que, foi editado há seis meses ou coisa que o valha. E ainda por cima estiveram em Portugal. Só descubro estas pérolas depois de virem cá, gaita.
Grandes malhas. Para quem goste de pop-rock-electrónico(!?) fica a sugestão.
Banda: Soulwax. Álbum: Any Minute Now.

(..)
It was always cries
And don’t ask why’s
Your kiss will never taste like goodbye
And it’s almost fine
But all this time
The feeling is so hard to deny
Right untill it’s over

You’re just a miserable girl
Trapped in a healthy body
You’re such a catholic girl
Trapped in a guilty body.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

..

Estava eu a ouvir uma das incursões em bandas sonoras de uma das minhas bandas preferidas ( Ulver) quando me deparo com este músico de nome Tom McRae.
Apesar de ainda estar a interiorizar o cd fiquei desde logo esmigalhado por esta personagem de nome Tom McRae. Tem dois álbuns. O primeiro simplesmente intitulado de 'Tom MacRae' e o segundo de nome 'Just Like Blood'.
Poder-se-á catalogar Indie. Mas não seja por isso. Música é música e o resto são rótulos.
Para quem gostar de Elliott Smith, Ours, Jeff Buckley, Josh Rouse e afins vai sentir-se bem a ouvi-lo. Fica a sugestão para quem não conhecer.
Daqui a um mês é editado o novo álbum da Tori Amos - 'The Beekeeper' e também um livro -'Piece by Piece'. Outra grande pérola desta menina. Cá estarei à espera dele também.

Ficará sempre como lembrança. No fim de tudo até ganhaste. Ganhaste a constante recordação. Eu só perdi.
Podia ter sido diferente. Até podia.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Nine Inch Nails - With Teeth

NIN EXCLUSIVE LONDON SHOWS
Nine Inch Nails are coming to London to do two EXCLUSIVE nights at The Astoria as they get ready to release the new album, WITH TEETH. WEDNESDAY MARCH 30TH & THURSDAY MARCH 31ST, 2005 @ THE ASTORIA 157 Charing Cross Road London, WC2 8EN Tickets for both of these shows will not go on sale to the general public until Saturday January 22nd, 2005, at 9:00am.


If you’re reading this and you’re English or British you got a hell of a luck. Damn you FUCKERS :p
I wish I could see them live with a special performance. You got special gigs, good bitches and good lives. We got nothing. I’m jealous right now.

Novo álbum de Nine Inch Nails está completo e intitula-se de ‘With Teeth’. O álbum terá edição no próximo mês de Março. É provável que saia um single ainda este mês ou em meados do próximo, seguindo-se a tour nos Estados Unidos e a Tour Mundial.
Claro e objectivo está desde já estes dois concertos exclusivos para os londrinos. Fascistas :p.
Cá teremos nós que esperar por eles.

sábado, janeiro 15, 2005

Jovem, Vota. Não Sejas Idiota.

Aproxima-se a data da escolha de mais um governo para a República Portuguesa, também conhecida como a República das Bananas.
Os últimos acontecimentos envolvendo o Morais Sarmento, nomeadamente a sua possível demissão de um governo que já não existe, foram no mínimo hilariantes. Aquilo nem no terceiro mundo acontecia.
Indo então ao cerne da questão. Somos colocados perante umas eleições que têm por essência um sistema político completamente datado. Os políticos estão velhos física e mentalmente. Bons para a reforma, diga-se. Só tenho pena é que as reformas deles não sejam como a do ‘Zé da Esquina’ senão aplicavam-se mais.
De um lado da barricada temos o Santana Lopes e do outro o Sócrates.
A ideia que tenho de Santana Lopes é de alguém profundamente narcoléptico que chega aos lugares e às situações não sabendo muito bem como, porém, acaba por rodear-se de pessoas mais ou menos capazes e lá se safa. No fundo é um diletante. Governar a nação não é a mesma coisa que governar a Figueira da Foz e daí se poderá compreender algumas dificuldades a mais. Mas o resultado foi o mesmo, deixar tudo com contas para pagar. Eu até lhe desculpo a sua vergonhosa prestação à nação. Ele no fundo acabou por herdar toda a equipa do ‘cherne’ não tendo grande espaço de remodelação. Mas assim que me lembro do seu primeiro discurso fico com profundas náuseas e não há desculpa absolutamente nenhuma.
Situações atrás de situações. O país que por sinal já não tem um grande optimismo, viu-se cada vez mais a afundar-se na lama. Resumindo, o período ‘Santanista’ foi verdadeiramente caótico.
Do outro lado da linha temos o Sócrates, apelidado de delfim de Guterres.
Pouco se sabe da sua capacidade para o combate e para enfrentar de facto o ‘boi pelos cornos’. A sua prestação como ministro do ambiente de Guterres já lá vai e poucos ou quase ninguém se lembra desse período. Tem isso a seu favor, pelo sim pelo não.
É jovem, tem apelido de filósofo, gosta de correr com a Rosa Mota e pelo que se sabe é menos diletante que Santana.
Resumindo: É uma incógnita.
Posto isto somos então levados a olhar para o lado. Para os partidos partidos ‘menores’ e que nunca irão governar directamente.
Paulo Portas perdeu com a união com o PSD todo o seu poder mediático. Acabou por ficar absorto e ter que controlar os seus ímpetos de estadista, perdendo a fama e apreço das ‘peixeiras’ e afins. Além disso, um voto no PP é um voto no PSD e consequentemente no Santana Lopes.
Partido comunista não existe. Passemos à frente.
Nova democracia é partido de uma pessoa. Ainda é muito jovem. Talvez mais dez anos para ter dez votos ou algo similar.
Bloco de Esquerda é provavelmente o partido mais promissor do sistema político nacional. Porquê? Bem, é simples. Linguagem extremamente fácil de ser apreendida pelos jovens de hoje. Basicamente os jovens querem é ‘foder’ e fumar ‘canhões’, logo, já estão todos mamados e não precisam de linguagem muito complexa. Sim ou não, chega para alguém que já está com demasiados psicotropicos no sistema ou perto de ter um coma alcoólico. Há de facto uma certa proximidade entre o BE e os jovens, algo que a maioria dos partidos políticos não tem.
Há ainda alguns partidos minimalistas mas não interessam a ninguém. Se fazes parte de algum, fornica-te :p
Resumindo isto tudo, é de facto complicado tentar optar por uma solução viável à mudança do panorama nacional. A vitória será indubitavelmente entre o PSD e PS. Desses dois venha o diabo e escolha. Acho que de facto o sistema político nacional devia mudar. A política devia ser feita para o povo. Mas também é um facto que povo pouco exige aos políticos. Há um clima de certa impunidade e harmonia onde reina a ideia de que vamos-fazer-todo-o-tipo-de-merda-que-ninguém-nos-impede. Eles (políticos) acabam por fechar-se nas suas próprias lutas mesquinhas de ideais, segredos e invejas em vez de realmente trabalharem em prol do povo. Num cenário mais extremista deviam ser todos empalados e substituídos por sange fresco com desejo de mudar o que está institucionalizado há largos anos.
Este cheiro a podre faz com que as pessoas vão perdendo cada vez mais o interesse pela política e daí se compreende as crescentes abstenções. Principalmente das camadas mais jovens.
A política hoje em dia já não é lutas entre esquerda e direita mas sim entre pessoas. Nessa medida ganha quem tiver e detiver a arte da retórica. Se o novo bastonário dos advogados fosse candidato votava nele. Esse dá volta a qualquer um.
Impõe-se o surgimento de uma figura mediática e dinamizadora da nação.
Quanto a mim, não tenho qualquer opção política. Para quem não tiver e quiser de facto votar em algum partido, que seja no BE. Não ganha a direita nem a letargia do Santana Lopes e ter-se-á provavelmente um governo de PS talvez um pouco interessante, se bem que, com montes de ‘restos’ do Guterrismo.

Caso queiras ir apenas marcar presença, vota branco ou nulo. Mas vai lá. Tu contas. Tu não és geração rasca. Fazes parte é da juventude que anda à rasca, isso sim.

Inês.

Estreia em Março no Teatro da Trindade a primeira peça da Inês Pedrosa. A peça é intitulada de ’12 Mulheres e uma Cadela’.
Eu vou ver. E tu?

Sic

Muitas vezes se ouve dizer que não há de facto um canal de TV que seja e transmita a voz da juventude.
Nessa medida foi criado um novo canal de TV dedicado aos jovens e nomeadamente às jovens contemporâneas.
Tu jovem, sim tu. Tu que gostas de usar o telemóvel xpto ultimo modelo. Tu que usas aquelas bolsas à cintura género arrumador de carros. Tu que usas umas argolas maiores que o Arco do Triunfo. Tu que gostas de passar os FDS que nem uma maluca no Queen’s, Pacha ou Kadok. Tu que gostas de fazer fellatio mas não engoles. Tu que gostas de mandar teu estilo de eu-sou-buéda-maluk e fingires que és muito promiscua mas quando estás para levar com ele ainda nem levaste e já dizes que está a doer, não precisas esperar mais para haver um canal com que te identifiques. Palavras para quê.



Um canal à tua medida.
( Ai que eu hoje estou tão revoltado, ui, ui)

sábado, janeiro 01, 2005

inércia

Sinto-me mal, sim sinto-me.
Há algo que me angustia, me aperta a garganta e me dá a volta ao estômago. Como era bom que tudo tivesse sido diferente. Fosse diferente e se tornasse diferente. Sim, era. Mas se calhar isso mudava tudo. Talvez. Talvez fizesse ser o que eu não sou. Não pensasse da maneira que penso ou ajo da maneira que ajo. Talvez. A vida é tão cheia de talvez que até enjoa. Ao longo da vida somos sempre confrontados com múltiplos cenários para uma situação. Demasiados ‘se’s’. Se isto, se aquilo, se aquele outro. Mesmo que a gente aceite as coisas tal como elas são haverá sempre pelo menos um ‘se’.
Mais um ano que passou. O ano transacto até nem foi mau, dentro da medida. Há algum tempo que não me lembro de um ano verdadeiramente bom. Estes últimos anos se fossem representados através de um desenho seriam uma espiral, infinita, sempre igual, sempre a descer. Talvez seja uma fase negra e longa, talvez. Sei que sempre me aguentei até aqui e irei permanecer. Sempre tive alguma esperança no futuro. Para mim são tudo períodos, fases. Talvez esta seja uma demasiado longa. Demasiados ‘talvez’.
A vida não pode ser sempre a perder. Acredito veemente que cada um de nós acabará por ter aquilo que merece, seja bom ou mau. O destino é algo incrível que quando menos esperamos dá por si. Não se pode ganhar nem perder sempre, é portanto vital, que se tenha isso em consideração.
Vida é constituída por pequenos fragmentos, fases, que podem durar muito ou pouco tempo mas que não se mantêm. Bem, há casos fora do comum, há. Mas esses são uns sortudos ou infelizes, dependendo da perspectiva. Esperemos apenas que saibam usufruir da sua condição, no caso dos sortudos, claro.
A minha passagem de ano foi deprimente. Tal como tinha sido a do ano passado, a de há dois anos e como vai ser a do ano que vem. Todas foram porque eu assim quis. Bastava ter querido que elas tivessem sido diferentes e elas tinham sido – mas não iria isso contra àquilo que sou? – sim, iria. Não tenho paciência para me divertir. Tudo me aborrece à minha volta. Já nem os amigos me conseguem causar desejo de abandonar a minha condição inerte.
Sinto-me uma espiral sozinha no meio da multidão fazendo seu constante e perpétuo movimento nunca se fundindo com a multidão, apesar de estar ali, mesmo ao lado.
Esta euforia de fim de ano onde parece que toda a gente tem de apanhar um coma alcoólico ou ejacular, porque assim é que tem que ser, faz-me ficar pior. Somos bombardeados com mensagens de pseudo-felicidade, harmonia e amor durante 31 dias e parece que para o ultimo dia está guardada toda a felicidade e maluquice acumulada ao longo do ano.
Não tenho vontade de beber até cair para o lado, não tenho vontade de me dar à carne ou promiscuidade, e muito menos, de estar imbuído em festas onde toda a gente esconde as suas frustrações entre três copos uma conversa de engate decadente, quando na verdade, eu quero é sair dali ou partir aquela merda toda.
A vida devia ser toda tal e qual quando temos 15 anos. Tudo se resolve num ápice. Ou quando está tudo mal há sempre as sucessivas e rápidas paixões típicas dos 15 anos que fazem esquecer tudo. Se calhar a solução está mesmo aí, no amor. É bom quando nos sentimos apaixonados. Quando é o coração que comanda o dia-a-dia em vez de ser a cabeça. Viver com coração na boca. Sim, é bom. Mas já nem paciência para me dar a isso tenho. O meu BI indica que estou na flor da vida, porém, eu sinto-me velho e doente. Muito doente.
Espero que seja uma fase, uma má e longa fase que dura já alguns anos. Às vezes gostava de ser totalmente diferente, mas acho que também já gosto de ser assim, não sei. Falta algo. Preciso algo. Empatias.
Oh well, odeio o Dezembro.