As aventuras de Zeca Galhão e de Zeca Gado - I
Hoje era um dia extremamente importante para Zeca Galhão. O seu irmão regressaria a Portugal após uma longa ausência emigrado na Suíça.
Zeca Galhão acordou cedo, ainda de madrugada. Meteu as cabras e as vacas a pastar tal como fazia todos os dias. Tratou dos porcos, dos seus pássaros e levou a sua mulher ao mercado no seu belo tractor, ultimo modelo, deixando o Quim Zé, o seu filho, na escola primária.
Era assim a maior parte dos dias da vida de Zeca Galhão e de Mikelina, sua companheira. Vivendo uma existência simples, mas muito humana, acima de tudo. Vivam em harmonia e em paz consigo mesmos e com outros. São coisas que só se podem alcançar em terras como a Pampilhosa da Serra, local onde habitavam.
Zeca Galhão tinha uma ascendência também ela muito humana.
Filho de Jacinto e Maria da Fonte, tinham-lhe sido incutidos a ele e aos seus dois irmãos, Zeca Gado e Maria Amélia, valores simples mas muito humanos. Desde cedo se habituaram a cuidar das actividades do campo e nas lides domésticas ajudando os pais. Os estudos ficaram irremediavelmente para trás, claro. Zeca Galhão, sendo o mais velho, foi o que primeiro deixou os estudos. Tinha ficado apenas com a quarta classe. Também não tinha muito interesse em estudar. Gostava mais de andar atrás das Vacas da aldeia dando-lhes com a sua ‘picha de boi’. Sempre foi muito traquinas, Zeca Galhão.
Seu irmão, Zeca Gado fora um pouco mais longe tendo terminado o sexto ano. Mikelina era o orgulho da família. Tinha tirado o nono ano, com muito custo, mas tinha.
Zeca Gado tinha sido desde sempre o mais irreverente dos três irmãos. Cedo se apercebeu que Pampilhosa da Serra era pequena de mais para si. Passava os dias a ajudar os pais e as tardes/noites na Taberna do Tio Manél. Cedo desenvolvera uma empatia por Ricardinha, um transexual que actuava num bar de alterne perto de Castelo Branco. Todos lhe diziam que Ricardinha era bicha, porém, Zeca Gado não queria saber disso. Ele via apenas o amor e a atenção que Ricardinha lhe dava. Sentia-se bem ao lado dela, bebendo os dois um vinho qualquer carrascão e trocando conhecimentos. Ricardinha já tinha viajado pelo mundo. Conhecia todas as casas de alterne da Europa e mais alguma . Tinha gostado mais de Bragança, porém, fixara-se em C.Branco, onde tinha desenvolvido esta espécie de empatia com Zeca Gado.
Os pais de Gado não aprovavam muito esta amizade, mas ele já era crescidinho para fazer o que quisesse.
Um dia Gado chegou a casa e disse que iria emigrar. Iria com Ricardinha para a Suíça em busca de uma vida melhor e de uma maior felicidade. A família compreendeu os desejos de Gado e Ricardinha. A Pampilhosa da Serra era pequena de mais para aqueles dois. Após uma despedida efusiva das companheiras de Ricardinha e dos amigos de Gado eles lá foram. Permaneceram dez anos sem dar noticias, tendo comunicado que voltariam a Portugal há uma semana. Era hoje, era hoje o dia do regresso do irmão de Galhão.
A casa da família estava preparada e todos prontos a receber o irmão emigrado.
A vida de Gado não foi muito feliz na Suíça. Os primeiros tempos foram muito difíceis, não arranjando emprego ou os que arranjava davam-lhe muito pouco dinheiro. Sofreu um duro golpe quando Ricardinha faleceu. Fixados numa pequena aldeia na Suíça, dizia-se que Ricardinha era o Diabo e representava o mal da pequena comunidade. Numa noite quando Gado não estava em casa, Ricardinha decidira esticar a perna nas estradas limítrofes da aldeia. Tentando angariar mais algum para continuar os seus tratamentos hormonais. A pequena comunidade juntara-se e batera na Ricardinha com pás e enxadas, tendo após Ricardinha caído no chão a empurrado pela serra abaixo. Ricardinha falecera naquele dia.
Foi um duro golpe para Gado, mas ele decidira ter coragem e fazer alguma coisa na vida. Decidira que iria ser alguém naquela Suíça que ele escolhera como segunda pátria.
Passado um ano arranjara emprego numa fábrica de chocolate na Suíça. O emprego era bem pago e ele sentia-se de novo com força e animo para recuperar e construir algo na vida. Acabou por conhecer Evgnéniaziscky. Uma bela Ucraniana de vinte e cinco anos de idade que por ali também se fixara em busca de melhor vida. Evgnéniaziscky, era uma bela jovem, porém, tinha um passado algo obscuro de que não gostava de se relembrar nem falar muito. Evgnéniaziscky, tinha sido sodomizada pelo pai e posteriormente sido vendida à mafia russa. Tinha conseguido escapar das malhas obscuras da mafia e viajado por essa Europa. Encontrou um porto seguro nas mãos trabalhadas pela vida de Gado e na Suíça.
Juntos há nove anos, Gado, decidira vir agora sim a Portugal. Trazendo consigo a sua paixão. Nunca casaram porque não havia necessidade disso, mas ele queria apresentar a sua companheira aos pais e à família.
Como bom Português, gostava de mostrar à família que estava bem e de que na Suíça é que se viva bem, apesar de não ganhar muito, Gado decidira que teria que causar boa imagem na família. Por isso decidira como bom Português que era regressar à terra natal com um bom carro. Alugara por uns dias um Audi A5. Esta loucura implicaria dois meses de refeições à base de sopa e sandes na Suíça, porém, ele queria causar boa impressão e de que se viva bastante bem.
Juntos fizeram-se à estrada rumo a Portugal.
Zeca Galhão estava no campo quando olhou para o relógio. Eram 14h da tarde. Estava próxima a hora do retorno do grande irmão. Rapidamente montou a sua Zundap acelerando pelas ruas tortuosas da Pampilhosa da Serra para chegar rapidamente a casa. Passou pelo supermercado de Gertrudes e comprou um Espumante para celebrar o retorno do irmão, indo de seguida para casa aguardar o regresso de Zeca Gado.
A faltar quinze minutos para as quinze horas da tarde o irmão Gado regressara finalmente após dez anos de ausência a casa.
A felicidade estava estampada nos olhos da família. A mãe Maria da Fonte e a filha Maria Amélia estavam em pulgas. Pareciam que estavam a ter espasmos vaginais com a alegria de ver o seu familiar de novo a casa. O pai e o irmão eram mais comedidos na emoção. Ao ver Evgnéniaziscky, pensaram que era Ricardinha e mais uma das suas modificações, porém, Gado rapidamente apresentou-a à família e fez questão de contar a suas aventuras e desventuras na Suíça, não contando, claro está, que de facto não ganhara tanto dinheiro como parecia ter ganho.
- Então Gado, meu irmão. Conta-me coisas. Como é e tem sido a tua vida na Suíça?
- Sabes Galhão. A vida na Suíça é boa mas tem que se trabalhar de facto muito. É como um bebé na incubadora que parece que quer nascer e andar, porém toda a gente lhe dá palmadinhas e porrada para ele falecer. É muito complicada a vida lá, mas ganha-se muito dinheiro. Há muita gente a querer dar-te facadinhas nas costas. É como as fundações de uma casa, sabes como é. Género três porquinhos e o lobo mau. O lobo são os habitantes locais que querem dar cabo das fundações da tua casa e levar-te a mau porto.
- Hum. Acredito meu irmão mas conta mais, conta mais.
E ali permaneceram durante um longo tempo.
Gado foi revelando as suas aventuras um pouco deturpadas à sua família.
Zeca Galhão acordou cedo, ainda de madrugada. Meteu as cabras e as vacas a pastar tal como fazia todos os dias. Tratou dos porcos, dos seus pássaros e levou a sua mulher ao mercado no seu belo tractor, ultimo modelo, deixando o Quim Zé, o seu filho, na escola primária.
Era assim a maior parte dos dias da vida de Zeca Galhão e de Mikelina, sua companheira. Vivendo uma existência simples, mas muito humana, acima de tudo. Vivam em harmonia e em paz consigo mesmos e com outros. São coisas que só se podem alcançar em terras como a Pampilhosa da Serra, local onde habitavam.
Zeca Galhão tinha uma ascendência também ela muito humana.
Filho de Jacinto e Maria da Fonte, tinham-lhe sido incutidos a ele e aos seus dois irmãos, Zeca Gado e Maria Amélia, valores simples mas muito humanos. Desde cedo se habituaram a cuidar das actividades do campo e nas lides domésticas ajudando os pais. Os estudos ficaram irremediavelmente para trás, claro. Zeca Galhão, sendo o mais velho, foi o que primeiro deixou os estudos. Tinha ficado apenas com a quarta classe. Também não tinha muito interesse em estudar. Gostava mais de andar atrás das Vacas da aldeia dando-lhes com a sua ‘picha de boi’. Sempre foi muito traquinas, Zeca Galhão.
Seu irmão, Zeca Gado fora um pouco mais longe tendo terminado o sexto ano. Mikelina era o orgulho da família. Tinha tirado o nono ano, com muito custo, mas tinha.
Zeca Gado tinha sido desde sempre o mais irreverente dos três irmãos. Cedo se apercebeu que Pampilhosa da Serra era pequena de mais para si. Passava os dias a ajudar os pais e as tardes/noites na Taberna do Tio Manél. Cedo desenvolvera uma empatia por Ricardinha, um transexual que actuava num bar de alterne perto de Castelo Branco. Todos lhe diziam que Ricardinha era bicha, porém, Zeca Gado não queria saber disso. Ele via apenas o amor e a atenção que Ricardinha lhe dava. Sentia-se bem ao lado dela, bebendo os dois um vinho qualquer carrascão e trocando conhecimentos. Ricardinha já tinha viajado pelo mundo. Conhecia todas as casas de alterne da Europa e mais alguma . Tinha gostado mais de Bragança, porém, fixara-se em C.Branco, onde tinha desenvolvido esta espécie de empatia com Zeca Gado.
Os pais de Gado não aprovavam muito esta amizade, mas ele já era crescidinho para fazer o que quisesse.
Um dia Gado chegou a casa e disse que iria emigrar. Iria com Ricardinha para a Suíça em busca de uma vida melhor e de uma maior felicidade. A família compreendeu os desejos de Gado e Ricardinha. A Pampilhosa da Serra era pequena de mais para aqueles dois. Após uma despedida efusiva das companheiras de Ricardinha e dos amigos de Gado eles lá foram. Permaneceram dez anos sem dar noticias, tendo comunicado que voltariam a Portugal há uma semana. Era hoje, era hoje o dia do regresso do irmão de Galhão.
A casa da família estava preparada e todos prontos a receber o irmão emigrado.
A vida de Gado não foi muito feliz na Suíça. Os primeiros tempos foram muito difíceis, não arranjando emprego ou os que arranjava davam-lhe muito pouco dinheiro. Sofreu um duro golpe quando Ricardinha faleceu. Fixados numa pequena aldeia na Suíça, dizia-se que Ricardinha era o Diabo e representava o mal da pequena comunidade. Numa noite quando Gado não estava em casa, Ricardinha decidira esticar a perna nas estradas limítrofes da aldeia. Tentando angariar mais algum para continuar os seus tratamentos hormonais. A pequena comunidade juntara-se e batera na Ricardinha com pás e enxadas, tendo após Ricardinha caído no chão a empurrado pela serra abaixo. Ricardinha falecera naquele dia.
Foi um duro golpe para Gado, mas ele decidira ter coragem e fazer alguma coisa na vida. Decidira que iria ser alguém naquela Suíça que ele escolhera como segunda pátria.
Passado um ano arranjara emprego numa fábrica de chocolate na Suíça. O emprego era bem pago e ele sentia-se de novo com força e animo para recuperar e construir algo na vida. Acabou por conhecer Evgnéniaziscky. Uma bela Ucraniana de vinte e cinco anos de idade que por ali também se fixara em busca de melhor vida. Evgnéniaziscky, era uma bela jovem, porém, tinha um passado algo obscuro de que não gostava de se relembrar nem falar muito. Evgnéniaziscky, tinha sido sodomizada pelo pai e posteriormente sido vendida à mafia russa. Tinha conseguido escapar das malhas obscuras da mafia e viajado por essa Europa. Encontrou um porto seguro nas mãos trabalhadas pela vida de Gado e na Suíça.
Juntos há nove anos, Gado, decidira vir agora sim a Portugal. Trazendo consigo a sua paixão. Nunca casaram porque não havia necessidade disso, mas ele queria apresentar a sua companheira aos pais e à família.
Como bom Português, gostava de mostrar à família que estava bem e de que na Suíça é que se viva bem, apesar de não ganhar muito, Gado decidira que teria que causar boa imagem na família. Por isso decidira como bom Português que era regressar à terra natal com um bom carro. Alugara por uns dias um Audi A5. Esta loucura implicaria dois meses de refeições à base de sopa e sandes na Suíça, porém, ele queria causar boa impressão e de que se viva bastante bem.
Juntos fizeram-se à estrada rumo a Portugal.
Zeca Galhão estava no campo quando olhou para o relógio. Eram 14h da tarde. Estava próxima a hora do retorno do grande irmão. Rapidamente montou a sua Zundap acelerando pelas ruas tortuosas da Pampilhosa da Serra para chegar rapidamente a casa. Passou pelo supermercado de Gertrudes e comprou um Espumante para celebrar o retorno do irmão, indo de seguida para casa aguardar o regresso de Zeca Gado.
A faltar quinze minutos para as quinze horas da tarde o irmão Gado regressara finalmente após dez anos de ausência a casa.
A felicidade estava estampada nos olhos da família. A mãe Maria da Fonte e a filha Maria Amélia estavam em pulgas. Pareciam que estavam a ter espasmos vaginais com a alegria de ver o seu familiar de novo a casa. O pai e o irmão eram mais comedidos na emoção. Ao ver Evgnéniaziscky, pensaram que era Ricardinha e mais uma das suas modificações, porém, Gado rapidamente apresentou-a à família e fez questão de contar a suas aventuras e desventuras na Suíça, não contando, claro está, que de facto não ganhara tanto dinheiro como parecia ter ganho.
- Então Gado, meu irmão. Conta-me coisas. Como é e tem sido a tua vida na Suíça?
- Sabes Galhão. A vida na Suíça é boa mas tem que se trabalhar de facto muito. É como um bebé na incubadora que parece que quer nascer e andar, porém toda a gente lhe dá palmadinhas e porrada para ele falecer. É muito complicada a vida lá, mas ganha-se muito dinheiro. Há muita gente a querer dar-te facadinhas nas costas. É como as fundações de uma casa, sabes como é. Género três porquinhos e o lobo mau. O lobo são os habitantes locais que querem dar cabo das fundações da tua casa e levar-te a mau porto.
- Hum. Acredito meu irmão mas conta mais, conta mais.
E ali permaneceram durante um longo tempo.
Gado foi revelando as suas aventuras um pouco deturpadas à sua família.
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