sexta-feira, abril 29, 2005

Blinded By Blood.



Já anda pela net o novo álbum dos Noruegueses Ulver - ‘Blood Inside’.
Este é o oitavo registo de longa duração dos Ulver e o décimo sétimo no total, incluindo EP’s, Demos, Split Cd’s e afins.
Os Ulver são porventura uma das mais geniais bandas existentes no panorama europeu. Definir o som dos Ulver é algo extremamente difícil. Cada álbum é construído como se fosse algo estanque do anterior, e nessa medida, tudo é inesperado a cada vez que se coloca um álbum na aparelhagem.
Os Ulver, liderados por Garm com 15 anos(!?), iniciaram-se nestas coisas da música, pelo menos com nome Ulver, em 1993 com a gravação da sua demo ‘Vargnatt’. Oriundos da Noruega as suas primeiras gravações eram fortemente influenciadas pela sonoridade blackmetal, o que aliás não era de estranhar visto que a Noruega era o país natal da sonoridade e todo esse movimento estava com muita força na altura. A demo foi muito bem recebida pela critica e foram desde logo apontados como uma das bandas a ter em conta, até porque, apesar de a sua demo ter uma sonoridade típica do blackmetal, ela apresentava desde logo algumas características muito inovadoras para o que se fazia até então. O tempo passou e os Ulver mudaram.
Entre 1994, 1995 e 1996, os Ulver editam três álbuns. Os três, que acabariam por criar uma trilogia, deixavam para trás as sonoridades blackmetal e tinham enveredado pelas ondas sonoras do Folk Metal, focando-se essencialmente nas tradições, mitos e afins da Escandinávia. Rapidamente foram aplaudidos pela critica e colocados um nível acima de todos os outros e de tudo aquilo que se fazia até então.
Em 1998 os Ulver editam um álbum que seria o culminar e o inicio de uma nova era na sua música. O álbum intitulado: Themes From William Blake's The Marriage of Heaven and Hell – era um álbum totalmente baseado nos escritos de William Blake e da sua obra – ‘A União do Céu e do Inferno’, 1991, Relógio D` Água.
Este álbum seria o corte com tudo o que os Ulver tinham feito até então e jamais lá voltariam. Um álbum épico (!?), era assim com que os Ulver se “livrariam” da sonoridade blackmetal e do folclore, praticados no inicio da carreira. Tendo como letras os escritos de William Blake os Ulver deram inicio a um conjunto de experimentações musicais. Pelo meio os Ulver são “despedidos” pela editora, por não fazerem o som desejado. Garm aproveita e cria a sua própria editora, Jester Records.
Em 2001 os Ulver editam aquele que será porventura o seu álbum mais acessível e popular (!?), o ‘Perdition City’. A partir deste álbum os Ulver deixam de ser apenas mais uma banda e passam a ser algo mais do que isso. O álbum Perdition City, é um álbum que nos deixa completamente imbuídos num espirito de sonoridades cinematográficas citadinas. Perdition City é um álbum perfeito como banda sonora para dias em que chove lá fora e só nos apetece ficar na inércia, em casa. Trip-Hop, electrónica e melancolia são as sonoridades e os sentimentos que podemos encontrar neste álbum. Cheio de batidas tristes, profundas, que nos deixam mergulhados num ambiente que mais nos parece um filme. Com este álbum os Ulver ganharam adeptos de todas as sonoridades e tribos, bem como uma fama invejável. Realizadores de cinema, produtores, músicos, aparições em bandas sonoras de séries como os Sopranos e afins mostram claramente a subida ao topo dos Ulver, uma banda diferente.
A partir daqui os Ulver dedicam-se praticamente a criar bandas sonoras para filmes e participar em álbuns de outros artistas. Pelo meio editam uns ep’s, um álbum e uma compilação, variando entre folk, darkwave, trip-hop, ambiental e afins, sendo que, os álbuns são todos instrumentais, aliás, a maior parte dos álbuns de Ulver são de facto instrumentais.
Após múltiplos adiamentos é então que em 2005, finalmente, o novo álbum dos Ulver vê a luz do dia. Blood Inside é o oitavo álbum de originais da banda e o décimo sétimo no total de edições discográficas.
Ouvir Ulver não é fácil. Há uma forte componente electrónica no seu som e cada um de nós é fruto das nossas experiências, tal como na vida, é preciso ter paciência e vontade de descobrir o som dos Ulver. Pode não ser um som acessível à primeira escuta.
Blood Inside marca o regresso de Garm à voz após longa ausência e viagem em álbuns instrumentais. Composto por nove faixas este álbum está recheado de electrónica, sintetizadores, drum machines, efeitos esquizofrénicos, guitarras estonteantes e a inconfundível voz de Garm. A terceira faixa – ‘Christmas’ – é um poema do nosso Fernando Pessoa, vejam lá.
Garm trabalhou com os The Gathering no seu ultimo álbum bem como com uma parafernália de artistas. Futuramente vamos poder vê-lo a trabalhar com a banda portuguesa SinDRomE, visto que será o seu novo vocalista, após a saída do Tóbel, ex-vocalista dos também extintos Slamo.
Não há grandes palavras a dizer a não ser que se de facto há por aí artistas diferentes de tudo o que por aí anda, são os Ulver e mais uns poucos.
Experimentem ou não.
Algumas samples do novo álbum aqui.