sábado, fevereiro 19, 2005

A Arte de Viver a Vida Morrendo...

Cheguei àquele ponto em que nada mais apetece. Estar por estar é assim o meu dia-a-dia, a minha semana, o meu mês, o meu ano e a minha existência.
A indiferença com que vivemos o dia-a-dia é mau. Nada nem ninguém nos conseguem fazer mover ou criar vivacidade. Damos por nós a nem querer sair e abandonar o nosso lugar.
A inércia, letargia e a apatia embrenha-se na nossa pessoa e faz-nos ficar numa passividade tenebrosa.
Dou por mim várias vezes a pensar como cheguei até aqui... Vários flashes de múltiplos episódios surgem-me compulsivamente e que provavelmente contribuíram para tal.
Olho para o que era e para o que sou e vejo uma dicotomia enorme. Jamais conseguirei voltar a ser o que era. Passou demasiado tempo, tempo vital.
A partir de um tempo somos sugados para esta espiral e dificilmente conseguimos sair dela. Podemos, isso sim, é minimizar ou diminuir os efeitos dela em nós mas jamais conseguiremos deixar de ser aquilo em que nos tornámos.
Tudo e todos me aborrecem. Mesmo aqueles que à partida poderiam ser mais interessantes e diferentes de tudo o resto. Como é possível alguém achar entediante tudo o que está à sua volta? Limito-me a partilhar o mesmo espaço sempre com a mente a divagar e longe dos espaços físicos onde me encontro.
O problema não é ser um lugar ou pessoas especificas mas sim a maior parte.
Seremos sempre uns taciturnos apáticos toda a nossa existência, com fracassos impostos por outros ou por nós mesmos, e com crises emocionais auto-infligidas porque tivemos o "azar" de ser diferentes daqueles que nos rodeiam.
Dou por mim às vezes a querer sofrer de uma patologia especifica para que tudo fosse de fácil resolução:

- Seja bem vindo às nossas instalações. Você sofre de XPTO. Vai para uma clinica de recuperação em Cascos-de-Rolha. Tome este comprimido e faça o tratamento X e já está. O mundo é cor-de-rosa a partir de hoje.

Era bom que assim fosse mas não o é.
Tenho o receio de começar a quebrar as minhas próprias regras para tentar mudar. Das vezes que o fiz foi quando me senti três vezes pior. Sou uma vitima da minha mente.
Terei que viver com isto. Com esta mente que me foi “dada” e com a minha intrínseca apatia, mas sempre na esperança de que algo surja como uma espécie de revelação da vida e do destino que me faça mudar. Voltar a ser um pouco do que era.
Talvez esteja a pagar a minha factura. Todos nós erramos e temos contas a ajustar. Todos nós agimos incorrectamente em certas ocasiões. Mas se fui incorrecto, e fui de certeza, não foi causado com essa intenção mas sempre com o desejo de me sentir bem comigo mesmo e nunca propositado. Há alturas em que temos que romper com diversas situações porque nos sentimos mal com elas mesmo e não queremos levar mais alguém ao fundo connosco, daí o romper de repente com as situações.
Enquanto há vida há esperança, diz o povo. E é assim que temos que pensar.
Algum dia, algum momento, a mudança acontecerá ou poderá acontecer.

Como evitar estar catatónico na possibilidade de estar perante o factor da mudança? É assim, é assim a Arte de Viver a Vida Morrendo...



Vou-me afastar disto por uns tempos. Como dizia um amigo no seu ultimo texto: Fartei-me de mim... volto quando me encontrar!
Beijinhos & Abraços.
Até já.