quinta-feira, abril 28, 2005

Around the clock, we die.

[ Originalmente como comentário a um texto do canto da Strip. Foi editado ]

Há dias assim, em que nada vale apena.
Sabes que isto de viver é complicado, demasiado complicado. Pena que não haja manuais de como viver a vida de uma forma boa, sem ter de enfrentar qualquer tipo de problema. A Paula Bobone ainda não se lembrou, decerto.
Vamos aprendendo a cada queda que damos e o pior é que há sempre alguém mais esperto que nós para nos fazer cair ou se rir das nossas quedas. Mas é assim que aprendemos e vamos lidando com as coisas.
Viver a vida todos os dias cansa. Cansa mais ainda quando não temos qualquer tipo de prazer nas coisas, ou algo, ou alguém fez-nos perder esse gosto de viver o dia-a-dia e as coisas intensamente. A vontade de viver as coisas intensamente existe lá, dentro de ti, porém, uma multiplicidade de factores convergem para não te deixar sair da espiral em que te encontras e a cada vez que queres sair parece que ficas mais presa, na lama.
O que precisas? Bem, o que precisas é de te divertir, ou pelo menos tentar. Acima de tudo precisas de alguém que te tire daí, da queda, e que te permita dar todo o teu Eu na sua plenitude.
Sabes que a gente passa metade da vida a correr. Para quê? Bem, para nada.
Corremos para fazer a 4ª classe, corremos para fazer o 9º ano, corremos para fazer o 12º com boa média que nos permita entrar numa boa faculdade e num curso com saída, corremos para o acabar com boa média e ter um bom emprego, corremos para encontrar um emprego estável, corremos para encontrar alguém e estabilizar a vida afectiva após ter um emprego, corremos, corremos e corremos. Metade de vida é passada a correr intercalada com momentos de lucidez.
No fim, sim, no fim de tudo, olhamos à volta e vemos que andámos a correr para nada. Temos uma casa, um carro xpto, um emprego mais ou menos decente e uma vida mais ou menos feliz, porém, olhamos à volta e vemos que andámos a correr atrás daquilo que os outros queriam que a gente andasse a correr. Nós não precisamos disto para nada. Só precisamos de alguém, um único alguém que veja como nós o real e nada mais. Não é ilusão, é possível. O impossível ou o mais difícil é viver o dia-a-dia sem querer mais, mais e mais, ou não ter os desejos que toda a gente tem, sim, é difícil. É difícil o real.
Encontra o caminho, dentro de ti. Faz o que desejas, mesmo que isso implique algum desastre pelo meio, faz por ti, não pelos os outros. Tem gosto em ti e no ar que inspiras agora, amanhã, no dia-a-dia, todo o dia, na tua vida.

'Por nós não viveríamos. Não valeria apena. Vivemos por causa dos outros. A própria vida foi-nos oferecida. A própria vida oferecemos'