quarta-feira, novembro 24, 2004

Into The Void.

Alguém já foi à 'Festa do Livro' na FIL?
Eu ainda não fui. Também confesso que os expositores que estão lá são poucos e muito pouco do meu agrado. Se lá fosse era apenas para dar um salto à 'Assírio e Alvim' que é a minha editora portuguesa de eleição, digamos assim.
Facto é que ao passar pelo Oriente a regresso de casa de vez em quando dá-me vontade de dar lá um salto, mas a vontade de vir para casa é mais forte que a vontade de ir lá. Aliás, diga-se que eu quando saio de casa a minha maior vontade e desejo é já estar a voltar. É bocado estranho eu sei, mas assim que estou a sair de casa a minha vontade é estar mesmo já a voltar. Às vezes dou por mim a desejar que algo aconteça a meio do caminho que me impeça de chegar aonde tenho de chegar e assim me faça sair do transporte público em que estou, atravessar a rua e voltar para trás o caminho todo. Não me importava de ser já reformado, desde que fosse uma reforma de gestor público, que as reformas do 'Zé da Esquina' não dá para nada – Bem-Vindo a Portugal.
Há um certo tédio na minha vida. Aborreço-me com tudo e mais alguma coisa. Aliado esse facto outro ainda que é a minha crónica falta de paciência para os outros é explosivo. Estou a ficar velho, deve ser isso, aliás, sinto-me velho, só não estou decrépito, ainda.
Tenho uma clara falta de paciência para o “outro”. Dou por mim rodeado de pessoas, caras e conversas que me entediam. Às vezes dou por mim entre conversas de colegas que me dão a volta à tripa. Assuntos tão fúteis como eu fui ao Bar Xpto, levei com ela a primeira vez, eu apanhei uma bebedeira no bairro alto ( uuuh, eu sou um 'granda maluk' ), oh god. Não consigo aguentar a conversa até ao fim. Tenho que sair dali e isolar-me porque prefiro estar sozinho do que a ouvir tais conversas.
Dou por mim numa sala com mais 59 pessoas das quais não sinto quase nenhuma empatia, nem tenho vontade de ter.
Vejo-me no topo. No tecto da sala de aula, aonde tenho a oportunidade de ver como se o maestro tivesse a dirigir os seus músicos todos vestidos de gala, todos iguais, estandardizados e existisse ali no canto um, um outro que não tocava, não fazia nada. Ficava apenas inerte, catatónico a olhar para os outros.
Devo ter a mania que sou diferente dos outros, deve ser isso. Quero acreditar que sim, que sou diferente. Não sei o que me faz ver ou pensar que as minhas conversas poderão ser menos fúteis que as dos outros, que a minha maneira é melhor ou pior que as dos outros ou se os outros poderão achar o mesmo das minhas coisas o que acho das deles, porém, quero acreditar que sou diferente. Mas se calhar no fundo, no fundo, somos todos a mesma merda.