segunda-feira, novembro 15, 2004

Fragmentos - I

Há tempos ia eu no meu caminho habitual que me conduz diariamente a esse antro de bem estar (ironia ao quadrado) que é a minha faculdade quando encontro pelo caminho um amigo. Amigos há 11 anos, metade de uma vida. A minha vida.
Trocámos alguns minutos de conversa partilhando o mesmo trajecto. Tanto para dizer e tão pouco tempo para falar.
Conversa caiu para as relações. Ele claramente um Hedonista convicto interrogava-se do facto de eu estar sozinho enquanto os outros "evoluíam" – no sentido dele. Eu, claramente Racionalista, fiz-lhe ver que nunca gostei de ser como os outros – Porquê ser igual aos outros? – A normalidade "assusta-me" um pouco. Gosto da diferença, gosto de pensar que sou diferente, pelo menos quero acreditar que sim, o sou.
Segundo ele, eu teria a possibilidade de ter alguém ao meu lado ao contrario dele, contudo, nunca faria uso dessa minha "capacidade".
Dando-me uma série de premissas ele ia apresentando argumentos a favor do seu hedonismo e o seu ímpeto carnal. Eu ouvia-o com atenção, pensando interiormente que ele continuava o mesmo amigo de sempre. Nunca mudou, nunca irá mudar.
No fim do seu discurso eu mostrei-lhe o meu.
Há claramente hoje em dia um cariz descartável nas relações. Relações assumidas na noite entre um ou dois copos para aliviar o stress e a frustração semanal. Relações promiscuas, momentâneas onde impera o desejo e a satisfação carnal imediata.
Qual o objectivo deste tipo de vida? – do meu ponto de vista é apenas andar a tapar o sol com a peneira.
Relações baseadas da boémia é capaz de ter piada uma por outra vez, contudo, fazer desse tipo de situação a base para todas as relações é profundamente decadente.
A minha concepção de amor advém de uma ideia por ventura um tanto ou pouco romântica, não sei. Para mim o mais importante de tudo é facto as empatias. As empatias demoram tempo e não é entre dois copos e uma conversa fugaz com desejo de ejaculação que se consegue algo.
É bem melhor ter uma relação com alguém com que se sinta de facto uma atracão psicológica/física por uma pessoa e a gente se sinta identificados por uma série de factores do que uma realização carnal imediata baseada na boémia.
O amor demora muito tempo. Demora-se muito tempo amar, porém, é sempre melhor do que o carácter descartável que se vê hoje em dia.
É preferível demorar muito tempo a encontrar a empatia, a simbiose, mas de facto viver algo único na vida.
Daí o facto de eu não ter pressa de encontrar a minha empatia.
Daí o facto de eu estar sozinho.
Daí o facto de eu ser assim.