sábado, novembro 27, 2004

Intervalo

'Antefalhei a vida, porque nem sonhado-a ela me apareceu deleitosa.
Chegou até mim o cansaço dos sonhos... Tive ao senti-lo uma sensação externa e falsa, como a de ter chegado ao término de uma estrada infinita. Transbordei de mim não sei para onde, e aí fiquei estagnado e inútil. Sou qualquer coisa que fui. Não me encontro onde me sinto e se me procuro, não sei quem é que me procura. Um tédio a tudo amolece-me. Sinto-me expulso da minha alma.
Assisto a mim. Presenceio-me. As minhas sensações passam diante mim de não sei que olhar meu como coisas externas. Aborreço-me de mim em tudo. Todas as coisas são, até às suas raízes de mistério, da cor do meu aborrecimento.
(...)
Não aspiro a nada. Dói-me a vida. Estou mal onde estou e já mal onde penso em poder estar.
O ideal era não ter mais acção do que a acção falsa de um repuxo – subir para cair no mesmo sítio, brilho ao sol sem utilidade nenhuma a fazer som no silencio da noite para quem sonhe pense em rios no seu sonho e sorria esquecidamente.'


Tenho três crónicos cabelos brancos :\
Estou a ficar velhote, snif.
Estou com um aspecto horrível e os meus índices de letargia ameaçam atingir o auge.